terça-feira, 24 de março de 2015

"Para sempre Gui"



No filme que concorreu ao Oscar 2015 "Para sempre Alice", a personagem principal Alice, aprendeu a perder (como ela mesmo disse), isto é, estando em plena forma e tendo desenvolvido ao longo de sua vida e carreira uma capacidade intelectual alta, conseguiu acompanhar até onde foi possível alguns dos estágios provocados pelo mal de Alzheimer que descobriu ter adquirido geneticamente. 
Esta doença como já conhecida por muitos, é uma doença que vai reduzindo as funções intelectuais e provocando uma sensação de morte lenta, apesar do doente continuar ali vivo, pois ele vai perdendo as capacidades de trabalho e relação social, interfere também no comportamento e na personalidade. Isto, principalmente nos estágios mais avançados.
As palavras da personagem sobre "aprender a perder" não saiu da minha cabeça depois que assisti ao filme. Convenhamos, aprender a perder é doído demais e pra falar a verdade, ninguém quer perder, eu não quero, muito menos perder as capacidades vitais.
E perder a vida? Alguém quer? Todo caso de auto punição causando a morte, se dá por questões de transtornos emocionais, na verdade, a gente não costuma querer perder a vida de jeito nenhum!
Mas como diz minha mãe: querer não é poder! Então, vem a vida e leva embora gente muito próxima e o pior, gente cheia de vontade de viver como o rapaz que perdeu a sua vida hoje, o Guilherme Rosa. Ele nos deixou por causa de um acidente quando estava viajando para a sua nova casa aonde havia iniciado uma nova fase por causa da conquista para ser professor efetivo. Infelizmente ele perdeu a direção, o carro rodou na pista, bateu numa van e a morte foi instantânea.
Como não pensar neste desastre?! E como não pensar também no poema de Teresinha sobre a brevidade da vida, ela disse: "minha vida é fugaz, brevíssimo segundo. Instante que me foge, Vós o sabeis". 
Como não se lembrar da fala seguinte da personagem do filme: "então viver o momento, eu digo a mim mesma, é tudo o que posso fazer".
Como não lembrar do sorriso do Guiiiiii, do desejo de vida e do coração enorme que ele tinha.
A Alice do filme é mesmo para sempre na vida de sua família e daqueles que a conheceram, seja os seus alunos, colegas de trabalho ou amigos, enfim, àqueles que ela acompanhou e  pôde contribuir com suas brilhantes ideias.
Entendo que o "para sempre" se faz também porque  como nos disse a poeta Adélia Prado "o que a memória ama, fica eterno". 
Trazendo para a história da vida real, especialmente no dia de hoje, posso dizer que o querido Guilherme também se torna eterno, seja porque ultrapassou a porta do corpo, seja porque seu sorriso é inesquecível e único, mas, principalmente, porque ele fica guardado na memória. 
Ele fechou seu protagonismo aqui, mas para mim, ele trouxe hoje o mais belo e único propósito em que me sinto a vontade de parafrasear a Alice: "viver o momento, é tudo o que eu posso fazer", uma vez que a "minha vida é fugaz, brevíssimo segundo, instante que me foge".
E, se o desafio é aprender a perder, que continuemos a lutar e por isso mesmo a aprender que na vida a gente perde mais do que ganha, que desde o nascimento a gente começa a morrer e por isso mesmo, viver é o maior desafio, morrer é uma consequência da vida.
A você Guilherme, um amigo de fraternidade, alguém nem tão presente ou mesmo de intimidade, quero dizer que eu acredito que você deve estar bem melhor que nós. Quero te dizer ainda, que o seu sorriso está ainda mais contagiante com essa sua partida tão repentina para todos nós meu querido e, por último, te dizer que você ascendeu ainda mais em mim o maior desejo de viver e amar, de amar e viver, obrigada!
Se o que a memória ama, fica eterno como disse a poeta, então, posso também dizer copiando o título do filme para o nosso protagonista da vida real:

"PARA SEMPRE GUI"



 

 


 
 
 

Um comentário:

  1. Lindo seu posto, Fró... Guilherme nos deixou muitas lembraças, arte das camisetas da Pequena Via, muitas fotos, muita vida...Coincido com vc: Para sempre, Gui!

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