domingo, 28 de julho de 2013

Cristo nos convida: "Venham, meus amigos!"



Termina hoje a Jornada Mundial da juventude no Brasil, realizada pela Igreja Católica.
Foram dias bonitos, de paz e harmonia, muita gente reunida do mundo inteiro, por volta de 4 milhões de pessoas na praia de Copacabana no Rio de Janeiro.
Quero ficar com o convite cantado no hino da jornada:

"Cristo nos convida: venham, meus amigos!"

Ir ou vir, sempre ao encontro do outro, é para isto que fomos feitos...
Ir ou vir, ao encontro de tanta gente... de todas as raças, crenças e culturas, encontrando no Cristo o desejo de amar e servir.
Obrigada Francisco, obrigada juventude do mundo inteiro!
Que Deus presente no meio de nós, nos abençoe e ensine a caminhar pelas estradas do amor!




sábado, 27 de julho de 2013

O PEIXE E O MAR



Gostei de rever este texto!!!

É difícil ver coisas que estão longe. Mas ainda é mais difícil ver aquelas que estão realmente perto. Até já pensei que talvez seja por causa disso que é difícil ver Deus, não porque ele esteja longe de nós, mas, pelo contrário, por estarmos muito perto dele, talvez até dentro dele, como o PEIXE E O MAR.
 O PEIXE E O MAR
Uma vez pediram a um peixe para falar do mar.
- Fala-nos do mar – disseram-lhe.

- Dizem que é muito grande o mar – respondeu o peixe – dizem que sem ele morreríamos. Não sou o peixe mais indicado para vos falar do mar. Eu, do mar, o que conheço do mar bem, são só estes dez metros à superfície. É só deles que vos posso falar. É aqui que passo o meu tempo, quase sempre distraído. Ando de um lado para o outro, a procura de comida ou simplesmente às voltas com o meu cardume. No meu cardume não se fala do mar. Fala-se das algas, das rochas, das marés, dos peixes grandes e perigosos, dos peixes pequenos e saborosos e de que temperatura fará amanhã. O meu cardume é assim: eles vão e eu vou atrás deles.
- Mas tu, que és peixe, nunca sentiste o mar?
- Creio que o sinto às vezes passar por minhas guelras. Umas vezes o sinto, outras não. Às vezes o sinto, quando não me distraio com outras coisas. Fecho os olhos e fico sentindo o mar. Isso tudo de noite, claro, para que os outros não vejam. Diriam que sou louco por dar tempo ao mar.
- Conheces o mar, portanto. Podes falar-nos do mar?
- Sei que é grande e profundo, mas não vos quero enganar. Sei de peixes que já desceram ao fundo do mar. Quando os ouvi falar, percebi que não conheço o mar. Perguntai a eles, que vos saberão falar do mar. Eu nunca desci muito fundo. Bem, talvez uma ou duas vezes... um dia as ondas eram tão fortes que eu tive de me deixar levar muito fundo, para não morrer. Nunca tinha estado lá e nunca esquecerei que lá estive. Apenas vos sei falar bem da superfície do mar...
- Foi ruim, quando desceste? Por que voltaste à superfície?
- Não foi ruim. Foi muito bom. Havia muita paz, muito silencio. Era como se lá fosse a minha casa, como se ali eu estivesse inteiro.
- Por que não voltaste lá do fundo? Por preguiça?
- Ás vezes acho que é preguiça, outras vezes acho que é medo.
- Medo? Mas tu não disseste que era bom? Medo de quê?
- Medo do desconhecido, medo de me perder. Aqui à superfície já estou habituado. Adquiri um certo estatus para mim mesmo. Controlo as coisas ou, pelo menos, tenho a sensação de as controlar. Lá embaixo não sei bem o que pode me acontecer. Estou todo nas mãos do mar.
- Tiveste medo quando chegaste ao fundo do mar?
- Não tive medo algum. Era tudo muito simples... E no entanto agora tenho medo... Mas eu não cheguei ao fundo do mar! Apenas estive menos à superfície.
- E que dizem os outros, os que estiveram?
- Dizem coisas que não entendo. Dizem que é preciso ir para saber. E dizem que não há nada mais importante na vida de um peixe.
- E explicam como se vai?
- Aí é que está. Explicam que não se chega lá por esforço, que só podemos fazer esforço em deixar-nos ir. Que é só o mar que nos leva ao mar.
Então veio uma corrente mais forte e o fez descer. O peixe tentou lutar contra ela com todas as forças que tinha, à medida que via distanciarem-se as coisas da superfície. Talvez para sempre... Mas depois fechou os olhos, confiou e já sem medo deixou-se ir.

Em outra parte do livro:
No fundo, nós habitualmente pensamos que as coisas ou estão longe ou estão perto, ou são grandes ou são pequenas, ou são fortes ou são fracas. Mas Deus é diferente, parece que troca o ou pelo e. Ele está longe e está perto, é grande e é pequeno, é muito forte e é muito fraco, tudo ao mesmo tempo e de uma maneira única que é só sua.
Tlavez Deus tenha ficado assim por ser pessoalmente tão exagerado no amor. Porque, enquanto nós temos amor, ele é feito de amor. E isso faz toda a diferença! Claro, faz ter comportamentos difíceis de entender. Como aquilo que se passou entre o Príncipe e a Lavadeira, quando o príncipe, por amor, deixou o palácio do pai e foi viver com a lavadeira da aldeia na clareira do bosque. Se nós pensamos que Deus ou é Deus ou é homem, não o conseguimos entender. Nem o percebemos, caso nasça em alguma gruta desta terra e tenha de aprender a andar a falar como qualquer homem.
A não ser que não nos importemos de perder o tempo que for preciso a contemplar uma Noite de estrelas. Como o astrônomo das cem noites ou como o amante que um dia encontrei a olhar fixamente para o céu, num pequeno terraço de Roma.


                                                           Livro: O Príncipe e a Lavadeira – Nuno Tovar de Lemos – Sj