quarta-feira, 20 de março de 2013

É outono...



Bonitas são as estações!
Cada uma a seu tempo, com seu valor, sua cor e seu sabor!
É outono...

Tantos pensamentos por entre os pingos da chuva no dia de hoje... ouvindo esta música aí pensei: "a melodia está compondo para mim o início desta estação!"
Fiquei então com a frase: "só peço que não tente compreender, tanto, tanto..."

Queria ter achado um video que tentasse realmente mostrar a profundidade desta letra ligando às estações... mas...
Outono é assim, folhas caindo no chão e a terra sedenta querendo receber vigor!
Sempre explêndida a natureza, atenta para na sua hora, se despir...


Seja bem vindo outono, tempo das folhas secas, tempo das amenidades do coração!





domingo, 17 de março de 2013

O quarto dos horrores!

Experimentar o chão para ser melhor...nesse quarto, não entra ninguém... é só nosso e de Deus...


Barba Azul era rico. Morava num castelo que tinha cem quartos. O que não estava bem explicado eram seus múltiplos casamentos e suas esposas desaparecidas, caso semelhante ao sultão das Mil e uma noites.

Uma jovem se apaixonou por Barba Azul e se casou com ele. A festa foi linda. A vida, uma felicidade. Chegou, entretanto, um dia quando Barba Azul precisou viajar. Ao se despedir, ele tirou da cintura um molho de cem chaves.

"Eis as chaves do meu castelo", ele disse para a sua adorada esposa. "Você pode entrar em todos os quartos - menos um, o centésimo, o mais distante. Nesse quarto, não entre, pois será terrível se você fizer isso." E partiu.

A esposa se pôs alegremente a visitar todos os quartos, todos maravilhosos, mais que suficientes para a sua felicidade. Mas, visitado o quarto de número 99, ficou ela com a chave proibida na mão.

É natural que se pense: "Se era proibida a entrada, Barba Azul não deveria ter deixado a chave...". Note que essa estória é uma variação sobre o mito da queda: Deus enche o jardim de árvores maravilhosas e diz: "Daquela árvore não comereis, porque no dia em que dela comerdes certamente morrereis". Se a árvore não era pra ser comida, por que a plantou? Quem faz essas perguntas ainda não entrou no mundo de faz de conta, pensa que se trata de "história". Mas as "estórias" acontecem na alma, e na alma não há formas de se guardarem as chaves.

Ela abriu o quarto. E o que ela viu a horrorizou. Corpos mortos. Sangue. O susto foi tão grande que ela deixou a chave cair no chão. A chave ficou suja de sangue. Tentou limpar a mancha. Inutilmente. A mancha resistiu a todos os sabões e lixas.

Volta o marido. Pede as chaves. Vê a chave manchada. Ela deveria se juntar às outras antigas esposas, mortas.

A estória, em sua versão original, deve ter terminado aqui. Mas algum redator posterior escreveu um fim idiota no qual os irmãos da curiosa a salvam. Com o final feliz perde-se a sabedoria da estória. É sempre assim. Os finais felizes sempre fazem parar o pensamento.

O castelo de cem quartos é metáfora do corpo humano. Noventa e nove quartos abertos à visitação do público. Ali, com os visitantes estranhos, tudo são sorrisos e conversa cordial. Mas o ultimo quarto é o quarto que odiamos; ali mora nossa parte monstruosa. Gostaríamos de nunca mais visitá-lo. Gostaríamos de perder a sua chave. Na verdade - isso a estória não teve jeito de contar -, o dono da casa não possui sua chave. Nós não podemos, mesmo querendo, abrir o nosso quarto de horrores. Não queremos ver o que está lá dentro: nós mesmos - o retrato de Dorian Gray -, nossa face deformada, horrenda, monstruosa. Você já teve um ataque de ódio e fúria? Já se viu no espelho assim?

O trágico é que, se nós mesmos não podemos abrir o nosso quarto dos horrores, é a pessoa amada, a mais íntima, que possui a chave. E nem é preciso que ela lhe seja dada. E nem é preciso que seja roubada. A chave aparece, miraculosamente, na sua mão.

Os inimigos podem atacar a casa. A batalha com eles me torna mais bonito. Quanto mais luto, mais feliz fico com minha imagem. O que me torna horrendo é a visão daquela imagem que mora naquele quarto, e que somente a pessoa mais íntima tem o poder de soltar.

A chave não pode ser limpa: a imagem, depois de vista, não pode ser esquecida. No momento em que ela entrou no quarto, ela assassinou o seu amado Barba Azul. Aos seus olhos, ele se transformou em outro - aquele que ele mesmo odiava. 

No momento em que Barba Azul viu a chave manchada, ele compreendeu que ela já vira o seu lado horrendo. Olhando nos olhos dela, espelho, ele se viu da forma como se detestava ver. Dali para frente sempre que olhasse nos olhos dela ele se veria horrendo.

E a odiaria por aquilo. A estória termina com a morte. Não a morte física, seja da esposa, seja do marido. O trágico da estória é a morte do amor: o amor não sobrevive depois que a pessoa amada abre o quarto dos horrores.

Rubem Alves

terça-feira, 12 de março de 2013

Cristo é para todos...conclave!





Não posso deixar de mencionar... como católicos, estamos em conclave, estamos aguardando!!!
Mas aguardando o que, hein?!
Aguardamos, Senhor, que teus filhos, todos nós, que cremos em ti, e até os que não acreditam, sejamos realmente assistidos bem no chão de nossa história, um céu mais próximo da terra...
Belas orações assistimos pela mídia, até mesmo emocionantes de tão cheias de histórias e com uma ritualidade de impressionar e impregnar...
Essa nossa Igreja, tão universal como costumamos escutar desde a tenra idade... que ela seja por mais dois mil anos, então, as portas abertas para todos e que o Cristo Peregrino seja com cada um de nós!

Se não?! De nada vale isto tudo... pérolas jogadas...Cristo é para todos!
Silenciamos sim, rezamos, estamos expectantes, não tem como fugir disso... É a realidade mundial destes dias... mas  esperemos..., ou melhor, vamos compor, com todos estes homens de roupas vermelhas e brancas, nossos representantes, uma Igreja mais próxima daquilo que é o coração humano, que também é o Coração de Deus!
Maria, Mãe querida, tão boa Mãe, rogai por nós!

segunda-feira, 11 de março de 2013

sexta-feira, 8 de março de 2013

Mulheres Possíveis

Nossa! É tanta coisa ao mesmo tempo e de verdade na vida da gente, que vou deixar este texto guardadinho aqui para não esquecer...se quiser, veja que bacana esta reflexão!
Parabéns mulheres, tenhamos uma vida interessante - 08/03/13!!!



Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes.
Sou a Miss Imperfeita, muito prazer.
Uma imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana,vou ao supermercado algumas vezes por semana, decido o cardápio das refeições, telefono para minha mãe, para minha sogra, procuro minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas, respondo a toneladas de e-mails, faço revisões no dentista, mamografia, faço academia,compro flores para casa, providencio os consertos domésticos, participo de eventos e reuniões ligados à minha profissão e ainda faço escova toda semana - e as unhas! E, entre uma coisa e outra, leio livros. Portanto, sou ocupada, mas não uma workaholic. Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres. Primeiro: a dizer NÃO. Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO. Culpa por nada, aliás. Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero. Pois inclua na sua lista a Culpa Zero. Quando você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros. Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho. Você não é Nossa Senhora. Você é, humildemente, uma mulher. E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante. Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável. É ter tempo. Tempo para fazer nada. Tempo para fazer tudo. Tempo para dançar sozinha na sala. Tempo para bisbilhotar uma loja de discos. Tempo para sumir dois dias com seu amor. Três dias. Cinco dias! Tempo para uma massagem. Tempo para ver a novela. Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza. Tempo para fazer um trabalho voluntário. Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto. Tempo para conhecer outras pessoas. Voltar a estudar. Para engravidar. Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado. Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir. Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal. Existir, a que será que se destina? Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra. A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada. Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem. Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si. Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo! Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente. Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir. Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela. Desacelerar tem um custo. Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C. Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso,francamente, está precisando rever seus valores. E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante.
Martha Medeiros