Assim como o autor deste post (http://www.fabiodemelo.com.br/), eu também gosto muito de girassóis, os acho forte e com uma sublime missão...movimentar-se de acordo com a luz do Sol!
Bonito isso, esclarecedor e instigante... vamos lá?!
Nosso movimento deve ter um sentido só, uma direção...
Feliz Natal e Feliz 2012!!!
Os girassóis e nós.
Eles são submissos. Mas não há sofrimento
nesta submissão. A sabedoria vegetal os conduz a uma forma de
seguimento surpreendente. Fidelidade incondicional que os determina no
mundo, mas sem escravizá-los.
A lógica é simples. Não há conflito naquele que está no lugar certo,
fazendo o que deveria. É regra da vida que não passa pela força do
argumento, nem tampouco no aprendizado dos livros. É força natural que
conduz o caule, ordenando e determinando que a rosa realize o giro, toda
vez que mudar a direção do Regente.
Estão mergulhados numa forma de saber milenar, regra que a criação
fez questão de deixar na memória da espécie. Eles não podem sobreviver
sem a força que os ilumina. Por isso, estão entregues aos intermitentes e
místicos movimentos de procura. Eles giram e querem o sol. Eles são
girassóis.
Deles me aproximo. Penso no meu destino de ser humano. Penso no
quanto eu também sou necessitado de voltar-me para uma força regente,
absoluta, determinante. Preciso de Deus. Se para Ele não me volto corro o
risco de me desprender de minha possibilidade de ser feliz. É Nele que
meu sentido está todo contido. Ele resguarda o infinito de tudo o que
ainda posso ser. Descubro maravilhado. Mas no finito que me envolve
posso descobrir o desafio de antecipar no tempo, o que Nele já está
realizado.
Então intuo. Deus me dá aos poucos, em partes, dia a dia, em fragmentos.
Eu Dele me recebo, assim como o girassol se recebe do sol, porque não
pode sobreviver sem sua luz. A flor condensa, ainda que de forma
limitada, porque é criatura, o todo de sua natureza que o sol
potencializa.
O mesmo é comigo. O mesmo é com você. Deus é nosso sol, e nós não
poderíamos chegar a ser quem somos, em essência, se Nele não colocarmos a
direção dos nossos olhos.
Cada vez que o nosso olhar se desvia de sua regência, incorremos no
risco de fazer ser o nosso sol, o que na verdade não passa de luz
artificial.
Substituição desastrosa que chamamos de idolatria. Uma força humana colocada no lugar de Deus.
A vida é o lugar da Revelação divina. É na força da história que
descobrimos os rastros do Sagrado. Não há nenhum problema em descobrir
nas realidades humanas algumas escadarias que possam nos ajudar a chegar
ao céu. Mas não podemos pensar que a escadaria é o lugar definitivo de
nossa busca. Parar os nossos olhos no humano que nos fala sobre Deus é o
mesmo que distribuir fragmentos de pólvora pelos cômodos de nossa
morada. Um risco que não podemos correr.
Tudo o que é humano é frágil, temporário, limitado. Não é ele que
pode nos salvar. Ele é apenas um condutor. É depois dele que podemos
encontrar o que verdadeiramente importa. Ele, o fundamento de tudo o que
nos faz ser o que somos. Ele, o Criador de toda realidade. Deus trino,
onipotente, fonte de toda luz.
Sejamos como os girassóis...
Uma coisa é certa. Nós estamos todos num mesmo campo. Há em cada um
de nós uma essência que nos orienta para o verdadeiro lugar que
precisamos chegar, mas nem sempre realizamos o movimento da procura pela
luz.
Sejamos afeitos a este movimento místico, natural. Não prenda os seus
olhos no oposto de sua felicidade. Não queira o engano dos artifícios
que insistem em distrair a nossa percepção. Não podemos substituir o
essencial pelo acidental. É a nossa realização que está em jogo.
Girassol só pode ser feliz se para o Sol estiver orientado. É por isso que eles não perdem tempo com as sombras.
Eles já sabem, mas nós precisamos aprender.
Pe. Fábio de Melo