quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O que é um viaduto?!

O viaduto é nada mais, nada menos que uma ponte que se sobrepõe a via pública (rua, avenida, praça) para facilitar o trânsito. Muito útil e facilitador para as cidades de grande porte; algo bem pensado e que realmente facilita a vida das pessoas...
Neste mês de janeiro, tive a oportunidade de passar por São Paulo e deparei-me com um novo viaduto, inaugurado no dia 28 de agosto de 2011, com o belíssimo nome do nosso saudoso arcebispo de Mariana - MG, Dom Luciano Mendes de Almeida!
Ao ver a placa meu coração se encheu de contentamento... é interessante que almas nobres deixam verdadeiramente sua fragrância. O tempo não apaga sua lembrança e sempre que nos recordamos, lá vem um aprendizado novo.
Por outro lado, fiquei pensando numa questão séria para a cidade de São Paulo, mas também, para todas as outras cidades, de preferência as que são maiores. Me lembrei da quantidade de pessoas que moram embaixo dos viadutos, isso tem se tornado bastante comum; aí está o X da questão...ou seja, deparar-me com este novo viaduto e em seguida encontrar tantas pessoas pelas ruas com uma aparência desumana, não combina com Dom Luciano, mas não combina mesmo. Consigo ouvi-lo falando sobre o Cristo sofredor presente na vida dessas pessoas abandonadas por nós e por aqueles que administram o dinheiro público.
Vejam! Isto não é apenas uma questão de política, apesar de que em ano de eleição (2012), esta falta de interesse dentre tantas outras questões, serve também para pensarmos em quem vamos colocar para nos representar. Mas é também questão pessoal, afinal, estamos tão preocupados com tantas coisas que estas pessoas são apenas coisas que nos desagradam ao encontrarmos pelas ruas.
Dom Luciano disse: " precisamos ter consciência da dignidade humana... falamos sobre a ética e deixamos as pessoas morrerem à mingua; falamos sobre a cidadania e as pessoas não tem com o que se alimentar..." - Palestra no seminário do 3º setor.
Portanto, se este viaduto servir para aglomerar um pouco mais de pessoas que não tem para onde ir e estão entregues às drogas, violência, prostituição... como mortos vivos, teremos um belo nome no lugar errado!
Digo e repito, não é normal que as pessoas vivam nas ruas e este não deve ser o retrato do nosso país!

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Assim como o autor deste post (http://www.fabiodemelo.com.br/), eu também gosto muito de girassóis, os acho forte e com uma sublime missão...movimentar-se de acordo com a luz do Sol! 
Bonito isso, esclarecedor e instigante... vamos lá?! 
Nosso movimento deve ter um sentido só, uma direção...
Feliz Natal e Feliz 2012!!!
 

Os girassóis e nós.
 

Eles são submissos. Mas não há sofrimento nesta submissão. A sabedoria vegetal os conduz a uma forma de seguimento surpreendente. Fidelidade incondicional que os determina no mundo, mas sem escravizá-los.

A lógica é simples. Não há conflito naquele que está no lugar certo, fazendo o que deveria. É regra da vida que não passa pela força do argumento, nem tampouco no aprendizado dos livros. É força natural que conduz o caule, ordenando e determinando que a rosa realize o giro, toda vez que mudar a direção do Regente.

Estão mergulhados numa forma de saber milenar, regra que a criação fez questão de deixar na memória da espécie. Eles não podem sobreviver sem a força que os ilumina. Por isso, estão entregues aos intermitentes e místicos movimentos de procura. Eles giram e querem o sol. Eles são girassóis.

Deles me aproximo. Penso no meu destino de ser humano. Penso no quanto eu também sou necessitado de voltar-me para uma força regente, absoluta, determinante. Preciso de Deus. Se para Ele não me volto corro o risco de me desprender de minha possibilidade de ser feliz. É Nele que meu sentido está todo contido. Ele resguarda o infinito de tudo o que ainda posso ser. Descubro maravilhado. Mas no finito que me envolve posso descobrir o desafio de antecipar no tempo, o que Nele já está realizado.

Então intuo. Deus me dá aos poucos, em partes, dia a dia, em fragmentos.

Eu Dele me recebo, assim como o girassol se recebe do sol, porque não pode sobreviver sem sua luz. A flor condensa, ainda que de forma limitada, porque é criatura, o todo de sua natureza que o sol potencializa.

O mesmo é comigo. O mesmo é com você. Deus é nosso sol, e nós não poderíamos chegar a ser quem somos, em essência, se Nele não colocarmos a direção dos nossos olhos.

Cada vez que o nosso olhar se desvia de sua regência, incorremos no risco de fazer ser o nosso sol, o que na verdade não passa de luz artificial.

Substituição desastrosa que chamamos de idolatria. Uma força humana colocada no lugar de Deus.

A vida é o lugar da Revelação divina. É na força da história que descobrimos os rastros do Sagrado. Não há nenhum problema em descobrir nas realidades humanas algumas escadarias que possam nos ajudar a chegar ao céu. Mas não podemos pensar que a escadaria é o lugar definitivo de nossa busca. Parar os nossos olhos no humano que nos fala sobre Deus é o mesmo que distribuir fragmentos de pólvora pelos cômodos de nossa morada. Um risco que não podemos correr.

Tudo o que é humano é frágil, temporário, limitado. Não é ele que pode nos salvar. Ele é apenas um condutor. É depois dele que podemos encontrar o que verdadeiramente importa. Ele, o fundamento de tudo o que nos faz ser o que somos. Ele, o Criador de toda realidade. Deus trino, onipotente, fonte de toda luz.

Sejamos como os girassóis...

Uma coisa é certa. Nós estamos todos num mesmo campo. Há em cada um de nós uma essência que nos orienta para o verdadeiro lugar que precisamos chegar, mas nem sempre realizamos o movimento da procura pela luz.

Sejamos afeitos a este movimento místico, natural. Não prenda os seus olhos no oposto de sua felicidade. Não queira o engano dos artifícios que insistem em distrair a nossa percepção. Não podemos substituir o essencial pelo acidental. É a nossa realização que está em jogo.

Girassol só pode ser feliz se para o Sol estiver orientado. É por isso que eles não perdem tempo com as sombras.

Eles já sabem, mas nós precisamos aprender.

Pe. Fábio de Melo