sábado, 22 de novembro de 2014

O amor que nunca soube dar

Preste atenção na letra da música: Pra você guardei o amor - Nando Reis e Ana Cañas - as letras do Nando me fascinam, não consigo escutar uma vez só e a letra desta canção em especial, me traz o desejo de escutar mil vezes e mesmo assim, ainda não conseguirei entrar no sentido real da letra.
Se bem que, acho que o amor é assim, não conseguiremos entrar no sentido real dele, ele existe e pronto... amor de mil palavras e ao mesmo tempo de profundos silêncios, amor que move o mundo em gestos e sentimentos... AMOR!
Escolhi pequenos trechos que considero muito envolventes, apesar de saber que toda a letra o é:

"sem entregar e repartir"
"vem esquentar"
"quem acolher o que ele tem e traz"
"que o convite do silêncio exibem em cada olhar"
"pra ter um jeito meu de me mostrar"
"vendo em você"
"nenhuma explicação isso requer"
"no fogo o gelo vai queimar"
"que aprendi vendo os meus pais"
"e hoje posso dar livre e feliz"
"vou nascer de novo"

"lápis, edifício, tevere (rio que atravessa a cidade de Roma), ponte"
"sem ter porque"
"sentir sem conseguir provar"


E termino este post escolhendo as palavras iniciais da música/poema: "pra você guardei o amor que nunca soube dar" que genial!
Quem souber demais sobre o amor, hummmmm... ta começando a perder-se dele...
Obrigada Nando Reis e Ana Cañas!

Curte aí! Escolhi o vídeo num tom mais acústico, vale a pena saborear:








domingo, 16 de novembro de 2014

A menina quebrada

Era uma festa. Comemorávamos a vinda de um bebê que ainda morava na barriga da mãe. Eu havia acabado de segurá-la para que ela passasse a pequena mão na água da fonte do jardim. Ela tentava colocar o dedo gorducho no buraco para que a água se espalhasse, como tinha visto uma criança mais velha fazer. Parecia encantada com a possibilidade de controlar a água. Tem 1 ano e oito meses, cabelos cacheados que lhe dão uma aparência de anjo barroco e uns olhos arregalados. Com olheiras, Catarina é um bebê com olheiras, embora durma bem e muito. De repente, ela enrijeceu o corpo e deu um grito: “A menina.... A menina.... Quebrou”.  
Era um grito de horror. O primeiro que eu ouvia dela. Animação, manha, dor física, tudo isso eu já tinha ouvido de sua boca bonita. Aquele era um grito diferente. Não parecia um tom que se pudesse esperar de alguém que ainda precisava se esforçar para falar frases completas. Catarina estava aterrorizada. “A menina... A menina...” Ela continuava repetindo. Olhei para os lados e demorei um pouco a enxergar o que ela tinha visto em meio à tanta gente. Uma garota, de uns 10, 12 anos, talvez, com uma perna engessada. “Quebrou...” Catarina repetia. “A menina... quebrou.” 
Ela não olhava para mim, como costuma fazer quando espera que eu esclareça alguma novidade do mundo. Era mais uma denúncia. Pelo resto da festa, ela gritou a mesma frase, no mesmo tom aterrorizado, sempre que a menina quebrada passava por perto. Nos aproximamos da garota, para que Catarina pudesse ver que ela parecia bem, e que os amigos se divertiam escrevendo e desenhando coisas no gesso, mas nada parecia diminuir o seu horror. Os adultos próximos tentaram explicar a ela que era algo passageiro. Mas ela não acreditava. Naquele sábado de janeiro Catarina descobriu que as pessoas quebravam.  
Eu a peguei, olhei bem para ela, olho no olho, e tentei usar minha suposta credibilidade de madrinha: “A menina caiu, a perna quebrou, agora a perna está colando, e depois ela vai voltar a ser como antes”. Catarina me olhou com os olhos escancarados, e eu tive a certeza de que ela não acreditava. Ficamos nos encarando, em silêncio, e ela deve ter visto um pouco de vergonha no assoalho dos meus olhos. Era a primeira vez que eu mentia pra ela. E dali em diante, ela talvez intuísse, as mentiras não cessariam. Naquela noite, depois da festa, fui dormir envergonhada.  
O que eu poderia dizer a você, Catarina? A verdade? A verdade você já sabia, você tinha acabado de descobrir. As pessoas quebram. Até as meninas quebram. E, se as meninas quebram, você também pode quebrar. E vai, Catarina. Vai quebrar. Talvez não a perna, mas outras partes de você. Membros invisíveis podem fraturar em tantos pedaços quanto uma perna ou um braço. E doer muito mais. E doem mais quando são outros que quebram você, às vezes pelas suas costas, em outras fazendo um afago, em geral contando mentiras ou inventando verdades. Gente cheia de medo, Catarina, que tem tanto pavor de quebrar, que quebram outros para manter a ilusão de que são indestrutíveis e podem controlar o curso da vida. E dão nomes mais palatáveis para a inveja e para o ódio que os queima. Mas à noite, Catarina, à noite, eles sabem. 
E, Catarina, você tem toda a razão de duvidar. Depois de quebrar, nunca mais voltamos a ser como antes. Haverá sempre uma marca que será tão você quanto o tanto de você que ainda não quebrou. Viver, Catarina, é rearranjar nossos cacos e dar sentido aos nossos pedaços, os novos e os velhos, já que não existe a possibilidade de colar o que foi quebrado e continuar como era antes. E isso é mais difícil do que aprender a andar e a falar. Isso é mais difícil do que qualquer uma das grandes aventuras contadas em livros e filmes. Isso é mais difícil do que qualquer outra coisa que você fará.  
Existe gente, Catarina, que não consegue dar sentido, ou acha que os farelos de sentido que consegue escavar das pedras são insuficientes para justificar uma vida humana, e quebra. Quebra por inteiro. Estes você precisa respeitar, porque sofrem de delicadeza. E existe gente, Catarina, que só é capaz de dar um sentido bem pequenino, um sentido de papel, que pode ser derrubado mesmo com uma brisa. E essa brisa, Catarina, não pode ser soprada pela sua boca. Ser forte, Catarina, não é quebrar os outros, mas saber-se quebrado. É ser capaz de cuidar de seus barcos de papel – e também dos barcos dos outros – não como uma criança que os imagina poderosos, de aço. Mas sabendo que são de papel e que podem afundar de repente. 
Não, acho que eu não poderia ter dito isso a você, Catarina. Não naquela noite, não agora. Ao lhe assegurar, cheia de autoridade de adulto, que tudo estava bem com a menina quebrada, com qualquer e com todas as meninas quebradas, o que eu dei a você foi um vislumbre da minha abissal fragilidade. Esta, Catarina, é uma verdade entre as tantas mentiras que lhe contei, ao tentar fazer com que acreditasse que eu seria capaz de proteger você. Vai chegar um momento, se é que já não houve, em que você vai olhar para todos nós, seus pais, seus “dindos”, seus avós e tios, e vai perceber que nós todos vivemos em cacos. E eu espero que você possa nos amar mais por isso.  
Essa conversa, Catarina, está apenas adiada. Talvez, daqui a alguns anos, você precise me perguntar como se faz para viver quebrada. Ou por que vale a pena viver, mesmo se sabendo quebrada. E eu vou lhe contar uma história. Ela aconteceu alguns dias depois daquela festa em que você descobriu que até as meninas quebram. Nós estávamos na fila do caixa do supermercado perto de casa, com uma cesta cheia de compras, e havia um homem atrás de nós. Era um homem vestido com roupas velhas e sujas, parte delas quase farrapos. E ele cheirava mal. Poderia ser alguém que dorme na rua, ou alguém que se perdeu na rua por uns tempos. Ficamos com medo de que o segurança do supermercado tentasse tirá-lo dali, ou que a caixa o tratasse com rispidez, ou que as outras pessoas na fila começassem a demonstrar seu desconforto, como sabemos que acontece e que jamais poderia acontecer. Enquanto pensávamos nisso, ele nos abordou. E pediu, com toda a educação, mas com os olhos dolorosamente baixos: “Por favor, será que eu poderia passar na frente, porque tenho pouca coisa?”.  
Quando lhe demos passagem, vimos que o homem não tinha pouca coisa. Ele só tinha uma. Sabe o que era, Catarina?  
Um sabonete. Era o que havia entre as mãos de unhas compridas e sujas, junto com algumas moedas e notas amassadas, como em geral são as notas que valem pouco. Aquele homem, que parecia ter perdido quase tudo, aquele homem talvez ainda mais quebrado que a maioria, porque tinha perdido também a possibilidade de esconder suas fraturas, o que ele fez? Quando conseguiu juntar uns trocados, o que ele escolheu comprar? Um sabonete. 
Catarina, talvez um dia, daqui a alguns anos, você volte a me olhar nos olhos e a dizer: “A menina... quebrou”. Ou: “Eu... quebrei”. E talvez você me pergunte como continuar ou por que continuar, mesmo quebrada. E eu vou poder lhe dizer, Catarina, pelo menos uma verdade: “Por causa do sabonete”. 
(Eliane Brum escreve às segundas-feiras) 
Eliane Brum, jornalista, escritora e documentarista. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem. É autora de um romance - Uma Duas (LeYa) - e de três livros de reportagem: Coluna Prestes – O Avesso da Lenda (Artes e Ofícios), A Vida Que Ninguém Vê (Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti 2007) e O Olho da Rua (Globo). E codiretora de dois documentários: Uma História Severina e Gretchen Filme Estrada. elianebrum@uol.com.br
@brumelianebrum

sábado, 17 de maio de 2014

"A vida dá uma canseira na gente. Não temos inimigos, mas são muitos os nossos adversários: o tempo, a idade, a concorrência, as regras rígidas e um juiz que nem sempre vai com a nossa cara. Não se pode ter tudo, não se pode vencer sempre, é o que nos dizem. Mas isso só deve servir de consolo depois que a partida termina. Enquanto estiver em andamento, pode-se até levar uma surra, mas fica proibido perder para si mesmo." Martha Medeiros — em Viçosa



segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

A menina que não tinha querer





Ela não sabia o que era querer,
Ela só sabia atender,
Não sabia se revelar,
Acostumou-se a escutar.

                      Até que um dia,
                      Resolveu tentar,
                      Ao mundo resolveu falar,
                      Começou a se expressar.

                                           Linda moça, você pode desejar,
                                           Ser é melhor que estar,
                                           Expressar é melhor que penar,
                                           E assim, ela encontrou o seu lugar!




Nem demais e nem de menos!


A luz da Lua é tão encantadora e como um todo o é 

Ela sempre nos presenteia com suas formas, ora toda iluminada e cheia, pronta a estourar, ora apenas um traço no céu como o sorriso de um anjo querubim. 
Iluminando nosso telhado, chamado céu, com seu brilho deslumbrante, com um brilho que não cansa, a Lua não é nem de mais e nem de menos.
Encorajadora e responsável por muitos poemas e canções, como a Clair de Lune, logo abaixo, ela é mesmo inspiradora de palavras, também nem de mais e nem de menos ... harmoniosas do jeito que o nosso coração precisa e deseja.
Somos, como a Lua, dependentes de muito para sobreviver...  
Aprendamos assim, com seu grande ensinamento  a contemplar o céu e a nutrir o desejo de sermos mais suaves, sendo seres nem de mais nem de menos




quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Em silêncio!


Havia um turbilhão de pensamentos e sentimentos quando ele finalmente chegou...o silêncio!

Em silêncio...
Um atraiu o outro...
Os corações se encontraram...
E o amor se fez...
Em silêncio!

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

O biscoito nosso de cada dia nos dai hoje!

- "Tia, você quer levar um biscoito para a viagem?!"
Isso porque havia apenas dois pacotes dos biscoitos predileto deles...
Alguém poderia me perguntar se eu aceitei o pacote de biscoito de duas crianças?!
É claro que sim,  eu aceitei!!!
É que para amar, a gente tem que também aprender a se deixar amar...
Sendo assim, durante todo o dia, o amor foi comigo por entre as paisagens e me ensinando que só na gratuidade, esta que se expressa no cotidiano nosso de cada dia, é que a gente pode compreender sempre um pouco mais o que é verdadeiramente amar!


domingo, 12 de janeiro de 2014

Família também...


Memória é um trem danado né?! Família também...
Com a minha mãe, vou aprendendo
que o amor não virou consórcio!
Acessar a própria memória e observar a história das nossas famílias é sempre se lembrar que em cada um de nós, há uma raiz do lar que vivenciamos, sendo ela do jeito que for: família biológica, do coração, pobre, rica... não importa!
O engraçado é que ficamos buscando fora, em outras famílias, coisas que só existem na família da gente e, portanto, dentro da gente também...
Na minha família não era e nem é assim como a bela letra desta canção. Se falarmos de cantoria, bem, isso aí sempre tinha e cantoria afinada...
Algumas coisas gostosas de se viver como expressou o poeta nesta letra, eu não tive oportunidade de aproveitar, outras coisas nem tenho necessidade mais de me lembrar... porém, hoje, agradeço a danadinha da minha memória que me ajudou a acessar cores que são próprias, bem próprias lá de casa e assim poder confessar que: é muito bom ter uma família!