Há alguns dias atrás, precisei fazer um exame do coração, um
ecocardiograma. Calma! Tá tudo bem comigo, graças a Deus! Era apenas uma dúvida
que o médico tinha a respeito de um ruído numa válvula, que foi sanada, o meu
coração está bem.
O que me chamou a atenção nesta questão foi exatamente poder
ouvir o meu coração, que coisa engraçada! Os pais falam tanto sobre escutar o
coraçãozinho do filho (a) e da emoção que sentem, mas nunca paramos para pensar
na beleza que tem o nosso coração quando podemos escutá-lo. Acho que fiquei
assim também, porque foi a primeira vez que escutei o meu coração de forma tão
nítida! Também pude observá-lo pela telinha do computador. Que movimento
potente e cheio de vida um coração tem! Até mesmo para aqueles que, talvez,
enfrentem dificuldades neste órgão, tive a certeza de que o coração é como um
touro, não enverga fácil, a gente tem é que tomar vergonha na cara e cuidar
melhor dele.
Não fiquei emocionada, ao contrário, perguntei várias coisas
para o médico sobre a beleza de se poder ouvir e ver um coração. Também fiz
comentários sobre quão bacana é esta profissão, ou seja, os médicos tem a
chance de enxergar muito além daquilo que é plástico... Eles podem ver a beleza
do corpo por dentro, o que é justamente bonito porque traduz o quão humanos
somos todos nós... De uma engenharia esplêndida e objetiva esse nosso
corpo, a cada centímetro dele, uma função específica e eficaz .
A imagem do meu coração firme e forte não saiu da minha
cabeça, eu sabia que ia dar samba e tá dando... Estou aqui agora escrevendo
essas linhas, e com o coração batendo forte e me impulsionando a não apenas
fazer referência a esse órgão tão bonito e tão forte, mas para dizer o mais
importante sobre o quanto podemos contemplar a vida nas suas variadas formas:
Quão forte e capaz de amar é o meu coração... e o seu também!
Tá certo! É o cérebro quem disponibiliza nossos sentidos, o
coração é um trabalhador, mas, como me dizia o médico, o coração é tão potente
que às vezes, o cérebro para e apenas o coração fica lá no peito, todo fortão a
bater, dizendo ainda, que ali tem vida e que de uma hora para outra, tudo pode
ser modificado sim.
É meu coração! É músculo meu tão firme e tão forte! Pode
funcionar bastante, pode continuar a dizer ao meu corpo, neste trabalho que
desempenha ao receber e devolver o sangue, o quanto eu sou capaz de amar e o
quanto o amor é o que dá sentindo à vida.
Sabe gente, hoje também tava pensando: “a vida passa tão
rápido” e o nosso coração bate tão forte... Por que a gente não cuida mais dele
para viver melhor e, assim, aproveitar mais, nem tanto na ligeireza das coisas,
mas, principalmente, no ritmo cadenciado que o coração produz como a dizer:
"a vida que corre aqui dentro tem um ritmo próprio e deve ser respeitado,
a vida aí fora também"?
Cuidar do coração é cuidar da saúde, mas não só do corpo,
podemos extrapolar para a saúde da alma! Coração não é um depósito que deve
ficar encrostado de “gorduras” como vemos em muitos peitos por aí; ou mesmo de
“gorduras” pela falta de amor e tudo o mais... Se ele está aqui dentro, e aí
dentro também, nos chamando, impulsionando, é porque ele foi feito realmente
para a saúde, esta que nos faz viver melhor tanto no corpo como na alma.
Se voltarmos à alusão da primeira vez em que os pais escutam
o coração dos filhos, veremos que, logo que são fecundados os filhos, já estão
lá como sementinhas plantadas no ventre das mães. Os pais nem imaginam que
poderão ouvir sair dali um tambor tão potente e firme que se escuta daqueles
seres ainda tão sem forma, mas que já está dizendo: cheguei, sou eu, a
vida, vim para amar!