sábado, 15 de junho de 2013

"Silêncio na cidade não se escuta"


Os dias em nosso país estão tensos... "Silêncio na cidade não se escuta". Esta é uma frase de uma música antiga que reconheço hoje como muito atual – Cálice, do Chico Buarque.
O país vive, por todos os cantos, manifestações e, dentre elas, a que mais tem se destacado é a que está acontecendo em São Paulo – SP, neste mês de junho. Temos assistido a um grande número da população indo às ruas, exigindo seus direitos.
Alguns perguntam: "Toda essa arruaça por R$ 0,20?!" – foi reajustada a tarifa dos ônibus e metrôs.
Quando escuto este tipo de critica, fico pensando que, em primeiro lugar, não se pode chamar o descontentamento (ou contentamento) de um povo pelo adjetivo de arruaça; ao contrário, o nome que dou a esta questão, em um país que se diz "democrático", é a liberdade de expressão; portanto, as pessoas estão se expressando.
Concordo sim que é uma vergonha ver alguns fazendo de uma manifestação política um momento de vandalismo, mas, mais do que em atos violentos, creio na dignidade e na beleza da grande maioria dos manifestantes. São aqueles que lutam pelo  que lhes é de direito. São os que manifestam que, para muitos que recebem uma vergonha de salário mínimo, não é possível de se encontrar, durante a maior parte do mês, R$ 0,20 diários na carteira.
Aqueles que gostam da desordem e do tumulto acabam por descaracterizar um movimento sólido em um país de tantos desmandos políticos e com uma pseudo-democracia. Vemos, como exemplo, o esbanjamento do dinheiro público, seja em função do futebol, ou mesmo da candidatura à Exposição Universal de 2020, que levou o senhor prefeito de São Paulo a passear por Paris,  para defender a candidatura da cidade como anfitriã de tal evento. 
Realmente, é muito importante sim ser um país de portas abertas a todas as pessoas do mundo, mesmo que algumas dessas tantas pessoas venham somente pelas belas mulheres e pelo futebol, ou mesmo  por causa do turismo nas favelas, onde podem contemplar a "beleza" e as consequências da falta de oportunidade, salário e emprego para pessoas que vivem amontoadas e em péssimas condições de moradia.
Se estamos avançando na economia como nos dizem nossos governantes, por que tantas coisas ruins não são modificadas, e, se já estavam ruins, por que têm ficado piores?! Veja a situação da saúde; dos transportes públicos; do metrô; daqueles que lutam pela terra...
Ufa! Em um pequenino trecho como este, fiquei cansada... a respiração faltou! Imagina para aqueles que vivem todos os dias estas situações tão deprimentes, de um país onde se paga tantos impostos e se vive do jeito que dá e como “Deus quer”!
Tenho muito orgulho da minha gente, que não tem cara fechada ou jeito estúpido de ser, que aprende a se virar, a dar um "jeitinho"... É dessa forma que conseguimos sobreviver. 
É por isso mesmo que fico pensando que o Brasil é o melhor lugar do mundo, podendo ser melhor ainda se começarmos a deixar o passado de povo colonizado, sempre passivo a ser explorado, para tomarmos as rédeas deste negócio e, assim, reescrever esta história.
Esta atitude requer consciência, objetividade e, principalmente, valorização própria. Ou seja, quando aprendermos a colocar no poder aqueles que verdadeiramente deveriam ter a honra de governar um povo tão bom e trabalhador, com certeza, obteremos, por consequência,  melhores condições de vida. 
Eu não poderia deixar de falar aqui sobre isso... Não poderia deixar de concordar com a música abaixo, deste que viveu na pele o período da ditadura, e que compôs esta belíssima canção,  tão atual também para a nossa história.
"Tragar a dor engolir a labuta, mesmo calado a boca, resta o peito" Chico Buarque.