terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Trinta e três e tal...

Puxa!
No penúltimo dia do ano de 2013, que maravilha de lembranças me trouxe o Rubem!
Ele e o seu jeito poético de ver a vida e ir descobrindo ou simplesmente trazendo a tona o que tem ficado tão escondido em meio a correria do dia a dia...obrigada!
Juntinho a você Rubem Alves, eu também quero dizer bem alto e com alegria:

EU TAMBÉM ACREDITO MUITO EM DEUS!

- na cor do céu que vai mudando ao entardecer;
- no raio de sol delicado que deixa seu rastro quando vai dormir;
- no vento frio que sopra no rosto, entrando pelas narinas, deixando força de vida;
- na água serena que brota das pedras ao nascer;
- no abraço amigo;
- no encontro celebrado ao redor da mesa de uma cozinha;
- na chuva que lava;
- no ar que oxigena todo o meu ser;
- no café misturado ao leite;
- no olhar apaixonado dos enamorados;
- na vida tomando forma no seio da mãe;
- no dedilhar delicado da viola;
- no sopro amoroso transformado em música ao entrar em uma flauta;
- no silêncio;
- nas mãos que se unem para uma prece...

São mesmo trinta e três e tal os nomes de Deus que aprendi com você hoje Rubem, também desejei acrescentar algumas de minhas percepções e emoções; talvez o meu leitor também... vamos lá?! Não perca tempo, esse exercício encheu meu coração de gratidão, alegria e esperança!
Fiquei até com o coração desejoso de que Deus esteja cada vez mais exuberante diante dos meus sentidos a cada dia de 2014 e fico na torcida de que Ele esteja assim para você também!

Os trinta e três nomes de Deus

Os trinta e três nomes de Deus: De vez em quando perguntam-me se acredito em Deus. Mas é claro. Acredito mais que a maioria das pessoas. Tenho até trinta e três nomes para ele. Esses nomes foi a Margueritte Yourcenar que me contou. Ela foi uma escritora maravilhosa, autora do livro Memórias de Adriano, quem lê nunca mais esquece, quer ler de novo. Pois esses são os trinta e três nomes de Deus que ela me ensinou. É só falar o nome, ver na imaginação o que o nome diz, para que a alma se encha de uma alegria que só pode ser um pedaço de Deus… Mas é preciso ler bem devagarinho…

1.Mar da manhã.
2.Barulho da fonte nos rochedos sobre as paredes de pedra.
3.Vento do mar de noite, numa ilha…
4.Abelha.
5.Vôo triangular dos cisnes.
6. Cordeirinho recém-nascido….
7.Mugido doce da vaca, mugido selvagem do touro.
8.Mugido paciente do boi.
9. Fogo vermelho no fogão.
10.Capim.
11.Perfume do capim.
12.Passarinho no céu.
13.Terra boa…
14.Garça que esperou toda a noite, meio gelada, e que vai matar sua fome no nascer do sol.
15. Peixinho que agoniza no papo da garça.
16. Mão que entra em contato com as coisas.
17.A pele, toda a superfície do corpo
18. O olhar e tudo o que ele olha.
19.As nove portas da percepção.
20.O torso humano.
21.O som de uma viola e de uma flauta indígena.
22.Um gole de uma bebida fria ou quente.
23.Pão.
24.As flores que saem da terra na primavera.
25.Sono na cama.
26. Um cego que canta e uma criança enferma.
27. Cavalo correndo livre.
28.A cadela e os cãezinhos.
29.Sol nascente sobre um lago gelado.
30.O relâmpago silencioso.
31. O trovão que estronda.
32.O silêncio entre dois amigos.
33.A voz que vem do leste, entra pela orelha direita e ensina uma canção…”

Agradeço ao Carlos Brandão por haver me apresentado os trinta e três nomes de Deus da Margueritte. Não é preciso que sejam os seus. Faça a sua própria lista.

Eu incluiria:

Ouvir a sonata Apassionata de Beethoven.
Sapos coaxando no charco.
O canto do sabiá.
Banho de cachoeira.
A tela “Mulher lendo uma carta”, de Vermeer.
O sorriso de uma criança.
O sorriso de um velho.
Balançar num balanço tocando com o pé as folhas da árvore…
Morder uma jabuticaba…
Todas essas coisas são os pedaços de Deus que conheço… Sim, acredito muito em Deus.


Rubem Alves