terça-feira, 15 de novembro de 2011

Das vantagens de ser bobo



"O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar o mundo. O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando."

Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a idéia.


O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não vêem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os vêem como simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski.


Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era de que o aparelho estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro. Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar tranqüilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo não percebe que venceu.


Aviso: não confundir bobos com burros. Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a célebre frase: "Até tu, Brutus?"


Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!


Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no céu. Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.


O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos. Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham a vida. Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles sabem.


Há lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em Minas!


Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas. É quase impossível evitar excesso de amor que o bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo."

sábado, 12 de novembro de 2011

O carteiro e o poeta!

Assistindo ao filme chamado: O carteiro e o poeta; me senti muito tocada em vários momentos, dentre eles acabei pensando e entendendo o que já compreendia há algum tempo, mas não sabia dar nomes... vejam?!
A vida e tudo à nossa volta está repleto de poesia como na Ilha em que por um tempo o grande poeta Pablo de Neruda passou (de acordo com o filme)... em um dos belos diálogos entre o simples carteiro e o grande poeta, Neruda o perguntou: O que há de belo na sua Ilha, lugar onde nasceu?!
No primeiro momento ele respondeu prontamente que era a sua bela amada Beatriz e só depois de ter aprendido o que é a poesia com o passar dos anos, "meu" humilde poeta/carteiro passou a compreender que a beleza da sua Ilha estava sim na sua amada, mas também em muitos outros pontos enumerados por ele, vejamos:
1) Ondas de Cala di Soutto, as pequenas;
2) Ondas, as grandes;
3) Ventos nos penhascos;
4) Ventos entre arbustos;
5) Redes tristes de meu pai (lindo isso);
6) Sino da Igreja de Nossa Senhora das Dores com o padre;
7) Lindo! É o céu estrelado sobre a Ilha;
9) Quando ele ouviu as batidas do coração do Pablito (seu filhinho que estava para nascer)...
Assim fez o "meu" humilde poeta/carteiro ou carteiro/poeta, acho que agora mais poeta que carteiro; percebeu quanta beleza havia em sua volta e se tornou um grande poeta da vida e seu cotidiano, esgotou-se no amor pela vida e suas maravilhas entre luzes e sombras, entre traços mais grosseiros e delicados; entre suavidade e amargura, enfim, entre a imensidão do mar com suas ondas grandes e pequenas e a imensidão da areia quente da praia... esgotou-se, aprendeu a viver!
A poesia minha gente, deixa-nos envolvidos do mais nobre e valoroso sentimento do mundo: o Amor e o amor de gratuidade! Àquele que abarca o nada e o tudo, àquele que a gente percebe nas coisas mais humildes e de beleza rara, as vezes até ditas  como feia, depende do olhar que vê, porque o amor está escondido, como o tesouro precioso da parábola que Jesus contou, o amor que salva e dà vida à alma...
Quem puder, veja o filme e até fiquei pensando nessa minha Ilhota aqui nas Minas Gerais, tão cheia de gente e culturas diferentes em que de vez em quando, como por estes dias, encontramos o belo quadro da lua cheia linda sobre a lagoa da universidade... e a sua Ilha?!
Vejamos com os olhos de poetas, aí sim, descobriremos o sentido da vida que vai muito além da rapidez das coisas, já diziam os poetas, os profetas, já dizia o próprio Deus que se fez homem: a vida (o Reino dos Céus) é mais que a comida e a bebida, é justiça, paz e alegria (Rom 14,17)
Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo.
Romanos 14:17
Obrigada Pe. Marcelo Apolônio e Renato Luís!

Ps: Deixo a música do filme que só de ouvir, descansa a gente...