terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

513 anos de luta pela terra!



Se pensarmos nos 513 anos do Brasil, poderemos refletir também que são 513 anos de luta pela terra. Há que se levar em conta que um país tão extenso em território e vivendo em regime democrático, não deveria ter em grande disputa a questão da terra. Pode-se assim dizer, que terra tem para toda a população brasileira.
            Mas por que tanta luta?! Pergunta comum e debatida há vários anos. Apesar de ser esta uma causa que atravessa os séculos, algumas pessoas podem ainda perguntar: o que vem a ser a luta pela terra?
            A luta por terra é um problema político sério que tem a seguinte configuração: a ocupação da terra como forma e espaço de luta e resistência camponesa; a intensificação da concentração fundiária como resultado da exploração e das desigualdades geradas pelas políticas inerentes ao sistema socioeconômico; a reforma agrária como política pública possível de solucionar o problema fundiário, mas nunca implantada.
            Até hoje no século XXI, essa questão é trágica, e basta lermos, por exemplo, as últimas notícias do que ocorreu em Campos dos Goytacazes – RJ, onde aconteceu assassinato brutal e covarde de Cícero Guedes dos Santos (http://www.uenf.br/portal/index.php/br/cicero-guedes-dos-santos.html) por questões de terras. Também, no início de fevereiro, a morte covarde de Regina dos Santos, no Assentamento Zumbi dos Palmares (http://coneacampos.blogspot.com.br/2013/02/em-menos-de-duas-semanas-tombam-um.html), ambos estão sendo investigados pela polícia de Campos.
Tanto o Cícero quanto a Regina, foram pessoas que buscavam com a própria vida, a distribuição mais justa da terra para o trabalho, e como todo desbravador, eles diziam o que pensavam e lutavam de peito aberto em causa própria, mas também por tantos outros (as) assentados (as).
Em nosso país, existem estes que com seus pequenos sítios, procuram não apenas combater a desigualdade da distribuição da terra, mas também produzir alimentos mais saudáveis e sem agrotóxicos, em contrapartida é bastante comum vastas áreas agrárias, com imensas plantações em monocultura, tomando vários hectares de terra, e com uso indiscriminado de agrotóxicos.
            A partir deste contexto, podemos compreender que a luta não ocorre apenas por hectares de terras, existe a luta pelo direito de cultivar e consumir alimentos saudáveis e sem agrotóxicos. Esta questão é muito séria e não está atrelada apenas a busca pela distribuição mais justa da terra, mas também, a questões de saúde, ou seja, para que nosso país seja um grande produtor de alimentos saudáveis sem contaminação por agrotóxicos.
São muitos os centros de pesquisa no Brasil e no mundo que trabalham com a investigação científica voltada à agroecologia. Esta ciência visa traçar novos rumos para a agricultura na busca pela sustentabilidade. Entre estes centros está a UENF – Universidade Estadual do Norte Fluminense em Campos dos Goytacazes – RJ, onde há projetos de incentivo à agroecologia, que validam não apenas a discussão sobre a terra, como também, e principalmente, o incentivo aos agricultores na produção de alimentos saudáveis que tragam saúde e sabor para a mesa dos brasileiros.
Há que se compreender que em 513 anos de história no Brasil, de acordo com Girardi (http://www2.fct.unesp.br/nera/atlas/luta_pela_terra.htm), a ocupação é a principal estratégia de luta pela terra realizada pelos movimentos socioterritoriais camponeses. Os dados do DATALUTA 2006 mostram que no país, entre 2000 e 2006, foram registradas ocupações de terra realizadas por 86 diferentes movimentos socioterritoriais. Ultimamente, além de lutar contra o latifúndio, os movimentos socioterritoriais camponeses iniciaram a luta contra a territorialização do agronegócio em suas formas mais intensas, e por isso as ocupações têm ocorrido em áreas de produção de soja transgênica, cana-de-açúcar e plantações de eucalipto, por exemplo.
Concretamente, esta é uma questão com muitos pontos de interrogação, este artigo nem traz grandes novidades, porém os enfrentamentos vivenciados pelos pequenos agricultores buscam soluções, assim como algumas instituições formadoras que atuam nesta questão. Isto traz esperança para tantos corações mais justos de trabalhadores como o de Cícero e Regina, que fizeram do seu trabalho, um serviço em prol do desenvolvimento da humanidade de forma saudável e saborosa, para uma vida melhor com maior qualidade.
Dessa forma, esta não é uma luta de assentados, pesquisadores e estudantes pelo país afora; esta é uma luta de todo o povo brasileiro, para que logo, possa ser distribuída a terra de forma justa, e para que possamos ter em nossos lares alimentos que nos permitam uma vida mais longa.

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