Se pensarmos nos 513
anos do Brasil, poderemos refletir também que são 513 anos de luta pela terra. Há
que se levar em conta que um país tão extenso em território e vivendo em regime
democrático, não deveria ter em grande disputa a questão da terra. Pode-se assim
dizer, que terra tem para toda a população brasileira.
Mas
por que tanta luta?! Pergunta comum e debatida há vários anos. Apesar de ser esta
uma causa que atravessa os séculos, algumas pessoas podem ainda perguntar: o
que vem a ser a luta pela terra?
A
luta por terra é um problema político sério que tem a seguinte configuração: a ocupação da terra como forma e espaço de luta
e resistência camponesa; a intensificação da
concentração fundiária como resultado da exploração e das desigualdades geradas pelas
políticas inerentes ao sistema socioeconômico; a reforma agrária como política pública possível de
solucionar o problema
fundiário, mas nunca implantada.
Até
hoje no século XXI, essa questão é trágica, e basta lermos, por exemplo, as
últimas notícias do que ocorreu em Campos dos Goytacazes – RJ, onde aconteceu assassinato
brutal e covarde de Cícero Guedes dos Santos (http://www.uenf.br/portal/index.php/br/cicero-guedes-dos-santos.html)
por questões de terras. Também, no início de fevereiro, a morte covarde de
Regina dos Santos, no Assentamento Zumbi dos Palmares (http://coneacampos.blogspot.com.br/2013/02/em-menos-de-duas-semanas-tombam-um.html),
ambos estão sendo investigados pela polícia de Campos.
Tanto o Cícero quanto a
Regina, foram pessoas que buscavam com a própria vida, a distribuição mais
justa da terra para o trabalho, e como todo desbravador, eles diziam o que
pensavam e lutavam de peito aberto em causa própria, mas também por tantos
outros (as) assentados (as).
Em nosso país, existem
estes que com seus pequenos sítios, procuram não apenas combater a desigualdade
da distribuição da terra, mas também produzir alimentos mais saudáveis e sem agrotóxicos,
em contrapartida é bastante comum vastas áreas agrárias, com imensas plantações
em monocultura, tomando vários hectares de terra, e com uso indiscriminado de
agrotóxicos.
A
partir deste contexto, podemos compreender que a luta não ocorre apenas por
hectares de terras, existe a luta pelo direito de cultivar e consumir alimentos
saudáveis e sem agrotóxicos. Esta questão é muito séria e não está atrelada
apenas a busca pela distribuição mais justa da terra, mas também, a questões de
saúde, ou seja, para que nosso país seja um grande produtor de alimentos
saudáveis sem contaminação por agrotóxicos.
São muitos os centros
de pesquisa no Brasil e no mundo que trabalham com a investigação científica
voltada à agroecologia. Esta ciência visa traçar novos rumos para a agricultura
na busca pela sustentabilidade. Entre estes centros está a UENF – Universidade
Estadual do Norte Fluminense em Campos dos Goytacazes – RJ, onde há projetos de
incentivo à agroecologia, que validam não apenas a discussão sobre a terra,
como também, e principalmente, o incentivo aos agricultores na produção de alimentos
saudáveis que tragam saúde e sabor para a mesa dos brasileiros.
Há que se compreender que
em 513 anos de história no Brasil, de acordo com Girardi (http://www2.fct.unesp.br/nera/atlas/luta_pela_terra.htm),
a ocupação é a principal estratégia de luta pela terra realizada pelos
movimentos socioterritoriais camponeses. Os dados do DATALUTA 2006 mostram que
no país, entre 2000 e 2006, foram registradas ocupações de terra realizadas por
86 diferentes movimentos socioterritoriais. Ultimamente, além de lutar contra o
latifúndio, os movimentos socioterritoriais camponeses iniciaram a luta contra
a territorialização do agronegócio em suas formas mais intensas, e por isso as
ocupações têm ocorrido em áreas de produção de soja transgênica, cana-de-açúcar
e plantações de eucalipto, por exemplo.
Concretamente, esta é
uma questão com muitos pontos de interrogação, este artigo nem traz grandes
novidades, porém os enfrentamentos vivenciados pelos pequenos agricultores
buscam soluções, assim como algumas instituições formadoras que atuam nesta
questão. Isto traz esperança para tantos corações mais justos de trabalhadores
como o de Cícero e Regina, que fizeram do seu trabalho, um serviço em prol do
desenvolvimento da humanidade de forma saudável e saborosa, para uma vida
melhor com maior qualidade.
Dessa forma, esta não é
uma luta de assentados, pesquisadores e estudantes pelo país afora; esta é uma
luta de todo o povo brasileiro, para que logo, possa ser distribuída a terra de
forma justa, e para que possamos ter em nossos lares alimentos que nos permitam
uma vida mais longa.
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