segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Deus gosta de arte!




Atribuído ao rei Davi, no Antigo Testamento da Bíblia Sagrada, encontramos belíssimos salmos compostos para enaltecer, reconhecer e suplicar ao Senhor Deus inventor de todas as coisas. Dentre estes versos bonitos, destaco o salmo 138, com suas palavras inquietantes ao pensarmos em Deus como aquele que nos teceu e tece de maneira tão admirável no útero materno: “Senhor, vós me percrustais e me conheceis. Sabeis tudo de mim, quando me sento ou me levanto.” Sal 138, 1.
            Quão belas e admiráveis são as obras do Senhor, deleite para alma e por isso mesmo, dignas de contemplação e respeito. É bem isto, para nós que acreditamos que as mãos que nos fizeram foram as mãos do divino Autor, podemos também colocar a lente de santa Teresinha, ou seja, somos nós o jardim do Senhor e nele está contida flores de todos os tipos,  lá ou aqui estamos eu e você!
            Flores, pinturas, artesanatos, melodias, poemas, salmos etc. Infinidade de conceitos que são designados como arte e a matéria prima para fazê-las muitas vezes são atribuídas às  mãos do grande Autor, já diria Teresinha: “somos o jardim do Criador”. Deus é um artista e como tal, a gente não precisa se enganar: Ele gosta de arte!!!
            “Fostes vós que plasmastes as entranhas de meu corpo, vós me tecestes no seio de minha mãe” Sal 138, 13. Não há palavras que expressem quão artista é Deus, o quanto ele gosta de arte e de acordo com a fé professada, não há dúvida de que ele também quer que sejamos seus imitadores, ou seja, aqueles que também são criadores, herdamos tal capacidade e a teologia nos ensina que somos com Deus co-criadores.
            Infelizmente vemos um mundo que utiliza tal capacidade para a destruição, em muitos casos não se colore mais o mundo, assim como não se assiste cotidianamente na mídia o colorido que as pessoas desenham umas nas outras, ao contrário, o cheiro de pólvora, álcool, queimadas, além dos hematomas pelos corpos e porque não dizer dos hematomas nas almas... é assim que nós seres humanos, co-criadores temos feito com o dom mais profundo e de beleza inigualável recebido pelo grande Autor que, por sua vez,  nos criou para sermos junto com ele autores da vida na sua mais variada forma de existência.
            Muitas vezes somos como aquelas crianças birrentas que além da falta de desejo e empenho para criar e recriar seus próprios brinquedos, ainda quebram àqueles que tão facilmente foram comprados pela comodidade de termos tudo tão mais acessível em nossas nas mãos.
            Coração que se esqueceu de olhar um pouco mais para o céu e assim como Davi, o rei, salmodiar: “Sede bendito por me haverdes feito de modo tão maravilhoso. Pelas vossas mãos tão extraordinárias, conheceis até o fundo a minha alma” Sal 138, 14. 
Não há dúvida de que o ser humano é capaz de belas criações e soluções, quantas não são as Instituições, religiosas ou não, que estão por aí construindo a paz, realizações concretas da mão humana que entende a arte também como a ação na própria vida, em obras.
Bons artistas são aqueles que não escondem o que há de melhor no coração e muitas vezes esse melhor sai após a vivência de uma dor profunda, a dor é também um meio eficaz para a criação.
Benditos são aqueles que se entenderam artistas, todos somos e não precisamos duvidar, pois se Deus é artista, nos fez para viver como tal, artesãos a pleno vapor, precisamos lançar mão das nossas ferramentas para começar ou continuar a trabalhar, e se juntarmos nossas ferramentas, quão belo e perfumado não ficará o ambiente a nossa volta, nesse imenso jardim que é o mundo?!
Mãos à obra meu artista, há uma pincelada nesse mundo que só você pode dar, não deixe que outros façam por você, o dom é seu, vamos juntos, o caminho se faz caminhando!

Flaviane Ferreira
__________________________________________

Soneto de fidelidade

Vinicius de Moraes

 

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure

Nenhum comentário:

Postar um comentário