Composição: Garoto / Chico Buarque / Vinícius de Moraes
Tem certos dias
Em que eu penso em minha gente
E sinto assim
Todo o meu peito se apertar
Porque parece
Que acontece de repente
Feito um desejo de eu viver
Sem me notar
Igual a como
Quando eu passo no subúrbio
Eu muito bem
Vindo de trem de algum lugar
E aí me dá
Como uma inveja dessa gente
Que vai em frente
Sem nem ter com quem contar
São casas "tristes".
Com cadeiras na calçada
E na fachada
Escrito em cima que é um lar
Pela varanda
Flores tristes e baldias
Como a alegria
Que não tem onde encostar
E aí me dá uma tristeza
No meu peito
Feito um despeito
De eu não ter como lutar
E eu que não creio
Peço a Deus por minha gente
É gente humilde
Que vontade de chorar
Renato Russo: http://www.youtube.com/watch?v=Z01sKLo2Q6I
Ouvi essa música na voz do poeta Renato Russo, sei que não é dele a letra, mas ficou tão boa a interpretação que tocou esse meu peito de fé inconstante e por vezes desanimado por pensar tanto em si...
Lembrei-me de uns bairros de periferia aqui na minha cidade: Nova Viçosa e nossas idas e vindas de ônibus (de vez em quando); lembrei-me também do Carlos Dias (Rebenta Rabicho); Cajuri; Duas Barras (já trabalhei lá) etc... aí me deu uma inveja dessa gente que vai em frente, sem nem ter com quem contar.
Me deu também um despeito por sentir que não tenho muito como lutar/ajudar, tanta coisa acontecendo errada debaixo do meu nariz , tanta gente perdendo sua dignidade por causa das drogas, da criminalidade, exploração sexual; miséria; depressão... e eu muito bem, vindo de trem.
Então me deu um aperto no peito, talvez um pouco parecido com aquele que Jesus sentiu e sente pelo seu povo tão judiado ou se judiando tanto... até me lembrei de um filme que assistimos na semana de catequese (O santo que não acreditava em Deus)... o personagem do Lima Duarte como Deus dizendo que não havia explicação: “eu criei tudo e vocês querem que eu resolva tudo também, nem ouço mais oração para que o time predileto ganhe...” quanta contradição nós trazemos...
“Tem certos dias em que eu penso em minha gente, e sinto assim todo o meu peito se apertar.”
Flaviane Ferreira
Nenhum comentário:
Postar um comentário